Gestão e educação emocional no regresso à escola, em tempos de pandemia

Gestão e educação emocional no regresso à escola, em tempos de pandemia
17 de Setembro, 2021

Gestão e educação emocional no regresso à escola, em tempos de pandemia

Desde o aparecimento da pandemia COVID-19, as múltiplas alterações sentidas no quotidiano foram, também, visíveis por parte da população mais nova, sobretudo em contexto escolar. As alterações nos contextos educativos e nos processos de ensino-aprendizagem geraram novas interações entre os alunos, os pais/cuidadores, os professores/outros profissionais e a escola.

A incerteza e as mudanças nas dinâmicas relacionais e de aprendizagem mantêm-se no novo ano letivo, de 2021/2022, que agora se inicia. Toda a comunidade educativa enfrenta desafios excecionais e, deste modo, o regresso à escola poderá ser particularmente desafiante, exigindo medidas específicas de suporte que promovam uma continua reintegração escolar que, por sua vez, assegure a saúde física, mas também psicológica e garanta o bem-estar da criança, bem como da sua comunidade envolvente.

 

O regresso à escola sempre foi sinónimo de uma mistura de emoções divergentes, quer por parte dos alunos, quer por parte dos seus familiares. Na atualidade, com a situação pandémica que vivenciamos, acompanhando alguns sentimentos positivos de entusiasmo e algum alívio, é natural que predominem, ainda, sentimentos de incerteza e medo relativos à exposição ao vírus. Quer as crianças e jovens, quer os pais/cuidadores e educadores/professores preocupam-se, sobretudo, com o aumento da exposição ao risco que decorre da potencial necessidade de andar em transportes públicos, com o facto de estar em espaços fechados com proximidade a outras crianças e jovens e com a dificuldade em controlar e garantir que todos adotam os comportamentos de proteção necessários para os manter em segurança.

 

Embora os pais se possam sentir mais stressados e ansiosos com o regresso à escola, continuam a desempenhar um papel fundamental junto das crianças e jovens, influenciando a sua capacidade de gerir as alterações necessárias em tempo de pandemia, bem como as emoções e preocupações provocadas pela situação. Deste modo, é importante que os adultos estejam atentos e possam cumprir algumas recomendações pertinentes:

  1. Reconhecer e identificar receios e sentimentos de ansiedade em si próprios e nas crianças e jovens de quem cuidam, promovendo formas saudáveis de lidar com eles (incentivar as crianças/jovens a expressarem as suas emoções, disponibilizando-se para o diálogo e validando o que sentem relativamente ao regresso à escola);
  2. Conversar com a/o criança/jovem sobre aquilo que a/o preocupa, mas também sobre aquilo que deseja no regresso à escola, ajudando-a/o a antecipar os aspetos positivos (por exemplo, reencontrar os colegas e professores);
  3. Sentir e transmitir confiança na escola – Antes do dia de regresso à escola, conversar com a criança/jovem, tranquilizando para o facto de que todas as pessoas na escola farão os possíveis para manter crianças e adultos seguros;
  4. Preparar as crianças/jovens para as mudanças nos processos e logísticas habituais da escola (quando souberem como vão funcionar as novas regras e logísticas da escola preparem a criança/jovem para essas eventuais alterações);
  5. Enfatizar o papel da criança/jovem em manter-se saudável a si e aos outros, (realizar frequentemente comportamentos como lavar as mãos e manter o distanciamento);
  6. Reestabelecer, em casa, as rotinas relacionadas com a escola, mantendo o que for possível manter (por exemplo, hora de dormir em período letivo, fazer a mochila e preparar a roupa para o dia seguinte);
  7. Estar preparados para lidar com alguma “ansiedade de separação” – em crianças mais novas e após um período prolongado de contacto exclusivo com os pais e/ou cuidadores principais, pode ser especialmente stressante a vivência da separação;
  8. Procurar reservar algum tempo extra para estar com a criança no final do dia, depois da escola e conversar sobre como foi o dia (incluindo o que gostaram, o que as deixou preocupadas e o que gostariam de fazer no dia seguinte), bem como poderem criar períodos de brincadeira;
  9. Manter um canal de comunicação aberto com a escola, informando como a criança/jovem se está a adaptar;
  10. Contribuir para o equilíbrio entre as atividades escolares e as atividades familiares, avaliando o tempo que a criança/ jovem se dedica às atividades escolares face às exigências das mesmas, e o tempo livre e de convívio familiar.

Caso as dificuldades emocionais/comportamentais persistam por muito tempo, devem recorrer ao apoio especializado do Psicólogo para a gestão do stresse e da ansiedade e/ou de outras complicações reativas, que se possam vir a manifestar.

- Saúde
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